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Eu e eles

Hermeto Pascoal
Discos: Jazz / Folclore

Disponible

18,49 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Rádio MEC / Rob Digital
Estilo Jazz / Folclore
Año de Edición Original 1999
Instrumental

Más

Hermeto Pascoal (piano, órgano, acordeón, melódica, flauta, saxo soprano, flugelhorn, bombardino, cavaquinho,pandeiro, percusión, tetera, vaso con agua, máquina de coser,... , arreglos)

"Há sete anos sem lançar um disco, o "bruxo" de Lagoa da Canoa (AL) está de volta, em estilo "one man show". No CD "Eu e Eles", primeiro lançamento do selo carioca Rádio MEC, Hermeto Pascoal exibe 12 composições inéditas, assina os arranjos e toca todos os instrumentos.
"Já estava na hora", diz o músico alagoano, que não entrava em estúdio para gravar um disco próprio desde janeiro de 1992. Lançado meses depois, pela PolyGram, o CD "Festa dos Deuses" marcou o rompimento de Hermeto com as gravadoras.
"Não quero mais nada com gravadora grande. Elas têm dinheiro, mas não evoluíram, não conseguem acompanhar minha cabeça", diz o compositor, que nos últimos anos chegou a incentivar os fãs a gravar seus shows.
Hoje, indignado por não ver sua obra gravada disponível no mercado, Hermeto, 63, vai mais longe. "Quero que o povo conheça minha música. Tomara que alguém faça disco pirata do "Festa dos Deuses", que a PolyGram não trabalhou. Como o dinheiro não chega para mim, torço para que mandem brasa, que copiem mesmo", desabafa.
Obviamente, Hermeto não sugere que se faça o mesmo com seu novo CD, que marca a estréia de Fábio Pascoal, seu filho, na produção. "Não, este disco foi feito com muito amor e musicalidade", apressa-se em dizer, ressaltando a liberdade de criação que orientou o projeto.
Hermeto gravou e mixou o CD em apenas 19 dias. Entrou no estúdio da Rádio MEC com 12 músicas, mas acabou usando no disco apenas três das inicialmente previstas. As restantes foram compostas no próprio estúdio.
"No Brasil já não existem mais estúdios como esse, feito para gravar orquestras sinfônicas. Eu entrava nele e me sentia numa igreja", diz o músico. "Fiz questão de não usar metrônomo, aquele aparelhinho que marca o andamento, para ficar com a adrenalina bem solta."
Hermeto já tinha gravado diversos instrumentos, em algumas faixas solo de seu álbum "Cérebro Magnético" (1980), mas jamais gravou um disco inteiro desse modo. E não deixou por menos: além de instrumentos convencionais, como piano, órgão, sax, flauta, cavaquinho, sanfona, flugelhorn, bombardino, tuba e zabumba, também toca garrafas plásticas, bomba de encher balões, chocalhos, chaleiras e panelas com água, apitos de bonequinhos de borracha, máquina de costura e o próprio corpo.
Além de aludir à relação de Hermeto com os instrumentos, o título "Eles e Eu" remete a músicos homenageados por ele: o cantor e compositor alagoano Jackson do Pandeiro, o sanfoneiro gaúcho Renato Borghetti e o trompetista americano Miles Davis.
"Quando compus "Capelinha e Lembranças", senti muito a presença do Miles. Cheguei a ficar arrepiado", conta Hermeto, que esclarece de modo definitivo, com essa homenagem, o já lendário caso de apropriação indébita de suas composições "Nem Um Talvez" e "Little Church" -creditadas em nome do trompetista, na primeira edição do álbum "Live-Evil" (1971), do qual Hermeto também participou.
"O Miles era um cara desligado", argumenta Hermeto, afirmando que a polêmica foi superestimada pela mídia, por causa de comentários de parceiros do próprio jazzista. "Mesmo que ele tivesse feito isso, eu jamais ficaria com raiva dele. Tínhamos uma afinidade muito grande. E depois que eu faço a música, ela deixa de ser minha mesmo", diz.
Esse não foi o único incidente do gênero na carreira do brasileiro. "Um músico de quem eu poderia ter raiva, mas perdoei também, foi o Herbie Hancock, que roubou uma idéia minha. Eu toquei garrafas em meu primeiro disco, lá mesmo nos EUA, e ele copiou a idéia. Tempos depois, fui jantar na mansão dele e ele chorou, arrependido. Até usou a palavra "shit" (merda). Só que ele nunca contou isso para os jornais", comenta Hermeto.
Recém-chegado de um concerto em Córdoba, na Argentina, onde foi aplaudido por cerca de 10 mil pessoas, Hermeto admite que hoje sua música é, de modo geral, mais valorizada no exterior do que no Brasil.
"Nunca viajei tanto para fora como nos últimos anos", diz o alagoano, sem esconder uma dose de mágoa. "Quando eu chego no Uruguai e sou recebido com uma faixa enorme de boas-vindas, na entrada da prefeitura, eu sinto um certo desgosto, um desgosto realista", diz.
Apesar de se mostrar animado pelo fato de ter novamente um disco seu no mercado, Hermeto não se ilude com a possibilidade de ouvir sua música frequentando a uniformizada programação das rádios comerciais.
"Quando apareceram, as FMs tocavam música de qualidade. Mas as gravadoras multinacionais acabam com tudo, elas compram tudo. Hoje você só percebe a diferença entre uma FM e uma AM pelo chiadinho." Carlos Calado (Folha de S.Paulo, 23.09.1999)

Temas

CD 1
01
Chorinho MEC
Hermeto Pascoal
03:51
02
Viva Jackson do Pandeiro
Hermeto Pascoal
02:22
03
Caminho do sol (tributo ao papagaio Floriano)
Hermeto Pascoal
01:20
04
A sua benção Brasil
Hermeto Pascoal
03:39
05
Fauna universal
Hermeto Pascoal
03:33
06
Vai um chimarrão (dedicado a Borghettinho)
Hermeto Pascoal
04:14
07
Miscelânia vanguardiosa
Hermeto Pascoal
05:09
08
Linguagens & Costumes
Hermeto Pascoal
03:29
09
Mercosom
Hermeto Pascoal
04:26
10
Boiada
Hermeto Pascoal
03:57
11
Capelinha & Lembranças
Hermeto Pascoal
05:36
12
Parquinho do passado, presente e futuro
Hermeto Pascoal
03:01