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Balaio do Sampaio

Varios Intérpretes (MPB)
Discos: MPB

Disponible

Ficha técnica Discos

Sello	Universal Music
Estilo	MPB
Año de Edición Original	1998

Más

Interpretaciones de: Sérgio Sampaio; Chico César; Eduardo Dusek; Elba Ramalho; Erasmo Carlos; Jards Macalé; João Bosco; João Nogueira; Lenine; Luiz Melodia; Renato Piau; Zeca Baleiro; Zizi Possi.

""Balaio do Sampaio" é um tributo estranho, que em certos detalhes parece acreditar parcialmente no objeto da homenagem. Começa com "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua", canção-símbolo do cara cantada por ele próprio -opção coerente, já que quase não há memória sobre o homenageado.
Mas, no viés, o morto é pisoteado: da gravação original, apenas sua voz é utilizada, perdida em novo arranjo de violino, violoncelo, viola, percussão, programação. Não há justificativa plausível para a "modernização"; é só falta de respeito.
Há três canções inéditas, "Em Nome de Deus" (cantada por um discreto Chico César), "Pavio do Destino" (Lenine, um tanto desanimado) e "Rosa Púrpura de Cubatão" (em que João Bosco interpreta João Bosco, óbvio à náusea ao colar a bossa nova de "Chega de Saudade" como apêndice à canção, como se Sampaio nem existisse).
É um esforço de resgate -mas menor que o que traria à tona as gravações inéditas de Sérgio Sampaio em si.
De seus álbuns editados, os produtores Mazzola e Sérgio Natureza só parecem gostar do segundo, "Tem Que Acontecer", bem contemplado no tributo.
Reaparecem duas canções do primeiro disco (a inevitável faixa-título e "Cala a Boca, Zebedeu", composta pelo pai de Sérgio), nenhuma do último.
O gosto pela redundância obriga Erasmo Carlos a voltar a "Feminino Coração de Deus" (ele gravou em 81) e Zizi Possi a cair novamente sobre "Meu Pobre Blues" (ela gravou em 79), em bela interpretação afogada num arranjo para lá de excessivo -mas não, aleluia, em italiano.
Poucas releituras inserem brilho novo à obra de Sérgio Sampaio -e não inclua aqui a versão frevo/folclore de "...Bloco na Rua" por Elba Ramalho.
Acontece no tom maldito de Jards Macalé ("Velho Bandido") e Luiz Melodia ("Caba a Boca, Zebedeu"), também na versão do notório fã Zeca Baleiro para a trágica "Tem Que Acontecer".
Nessas tiradas, o tributo guarda o mérito de peitar preferir nomes coerentes com o espírito da coisa a pompas do mercadão pop.
No todo, "Balaio" se relaciona conflituosamente com a obra do tributado. Mas a razão pode ser profunda: a obra de Sampaio, figura tocante da geração porra-louca da MPB, é de difícil classificação -não dá para chamar de medíocre, não dá para chamar de genial.
Sampaio mantém-se significativo menos pelos lampejos que iluminam sua obra que pelo que sua história guarda de simbólico num período talvez meio fascista da canção popular no Brasil. Talvez o caminho do meio fosse proibido naquele período, e essa foi a danação de Sérgio Sampaio -ou não.
Resta a cada ouvinte avaliar, a bordo do visor irregular de "Balaio do Sampaio", o quão ele terá sido ou não injustiçado. Já que o próprio continua enfurnado nos sebos de vinil." (Pedro Alexandre Sanches, Folha de S.Paulo,14.11.1998)

Temas

CD 1

Eu quero é botar meu bloco na rua
Sérgio Sampaio
Sérgio Sampaio