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Eu sou o samba

Noite Ilustrada
Discos: Samba

Disponible

13,17 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Camerati
Estilo Samba
Año de Edición Original 1998
Bailable

Más

Noite Ilustrada (voz)

"Há a questão do vozeirão. Noite Ilustrada, esse cantor de nome engraçado, possui um daqueles. Em tempo de debandada de vozes masculinas estrondosas -98 perdeu Silvio Caldas, Tim Maia e Nelson Gonçalves-, Noite ressurge como paladino de um padrão que praticamente já não existe.
Sua voz trovejante -e "Eu Sou o Samba", gravado pelo homem aos 70 anos, não guarda sinais de declínio- posiciona-se em algum ponto entre a de Moreira da Silva e a de Nelson Gonçalves. Tal faz lamentar que Noite não tenha coalhado seu repertório daqueles monumentos à dor-de-cotovelo de Adelino Moreira, tipo "Negue" e coisas assim.
Pois foi mesmo no fulcro do repertório que Noite nunca conseguiu decolar como artista a ser citado nos "panteões dos gênios" -salvo exceções, não foi audacioso ou ambicioso nos (e com os) sambas que escolheu cantar.
Em parte, "Eu Sou o Samba" trabalha em sentido contrário a esse. É pródigo em grandes canções: "A Voz do Samba", de Zé Keti, "Argumento", de Paulinho da Viola, "Chuvas de Verão", de Fernando Lobo, "Homenagem ao Malandro", de Chico Buarque, "Leva Meu Samba" e "Meus Tempos de Criança", ambas de Ataulfo Alves...
Nessas duas últimas define bem seu lugar na MPB -à moda de Ataulfo, seu conterrâneo, Noite se fez sambista heterodoxo, pouco encaixável nos cânones cariocas do samba. As missas na matriz e os jogos de botões de "Meus Tempos de Criança" tomam, aqui, o espaço das rodas de samba e da malandragem cariocas.
Nessa direção agem também, em menor escala, "Serra da Boa Esperança", de Lamartine Babo, e "No Rancho Fundo", de Babo e Ary Barroso.
E se apresenta de novo no CD -inevitável- a marca maior de Noite, que completa com as canções de Ataulfo o círculo que explica seu lugar na história da MPB: "Volta por Cima" (que Bethânia quase roubou, quando a dramatizou em "Drama", de 72, mas não, ela será sempre de Noite).
Por que, então, Noite se mantém adereço, apêndice incompatível com qualquer das linhagens MPB? "A Voz do Samba" também traz a resposta. Acontece que, méritos à parte, ele padece de arranjos convencionais, fora de tempo, anacrônicos.
As velhas e lindas pastoras de Ataulfo parecem comparecer dissolvidas, esfareladas, nas roupagens que foram dadas a Noite. Viraram corinho feito às pressas, caído quilômetros aquém da estatura do cantor.
Na mesma vão (mas nem sempre) as combinações instrumentais. "A Voz do Samba", meio (mal) jazzificada, é o exemplo mais flagrante. O arranjo diz o oposto da letra, neutralizando-a, invalidando-a.
Por falta de audácia (ou, mais provavelmente, de apoio, já que resolveu se estabelecer nesse fim-de-mundo musical chamado São Paulo), Noite repete para si o que se dá naquela canção: anda no fio tenso de se neutralizar, se invalidar. Incapacita-se, assim, a vir integrar de fato o "panteão dos gênios" -mas talvez seja essa, afinal, sua grandeza." Pedro Alexandre Sanches (Folha de S.Paulo, 29.05.1998)

Temas

CD 1
01
Homenagem ao malandro
Chico Buarque de Hollanda (Chico Buarque)
03:18
02
Argumento
Paulinho da Viola
02:54
03
O neguinho e a senhorita
Noel Rosa - Abelardo da Silva
03:57
04
Leva meu Samba
Ataulfo Alves
02:46
05
A voz do morro
Zé Keti
02:56
06
Volta por cima
Paulo Vanzolini
03:07
07
Toalha de mesa
Dora Lopes - Carminha Mascarenhas - Wilson Chubo
03:17
08
Não deixa o Samba morrer
Edson - Aloísio
04:05
09
Meus tempos de criança
Ataulfo Alves
03:50
10
Vícios
Cezar Cava
03:29
11
Filho meu
Everaldo Viola
03:44
12
Chuvas de verão
Fernando Lobo
03:24
13
No rancho fundo
Ary Barroso - Lamartine Babo
03:31
14
Serra da boa esperança
Lamartine Babo
03:39