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Tio Gê - O samba paulista de Geraldo Filme

Varios Intérpretes (Samba)
Discos: Samba / MPB

Disponible

20,38 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Sesc SP
Estilo Samba / MPB
Año de Edición Original 2020
Observaciones 2CDs

Más

Interpretaciones de: Alaíde Costa, Amanda Maria, Áurea Martins, Clarianas (Naruna Costa, Martinha Soares y Naloana Lima), Cleide Queiroz, Ellen Oléria, Eliana Pittman, Fabiana Cozza, Graça Braga, Graça Cunha, Lady Zu, Leci Brandão, Luciah Helena, Maria Alcina, Paula Lima, Rosa Marya Colin, Sandra de Sá, Teresa Cristina, Virgínia Rosa, Xênia França.

Músicos: Samuel Pompeo (flauta, saxo tenor), Alexandre Ribeiro (clarinete), Azeitona (trompeta), Jorginho Trombone (trombón), Olívio Filho (acordeón), Ogair Júnior (piano, teclados, arreglos, dirección), Dino Barioni (guitarras, bandolim, cavaquinho, efectos, arreglos), Robertinho Carvalho (contrabajo, programaciones, arreglos), Ramon Montagner (batería, percusión), Osvaldinho da Cuíca (cuíca, apito), Ana A. Duártti, Luiz Gayotto, Marcos Bowie y Tuca Fernandes (coros), Fernando Cardoso y Graça Cunha (voz incidental), Deni Rocha (cello).

Edición en formato Digipack, que incluye libreto con 36 páginas.

Precioso álbum doble en homenaje al compositor y cantante paulista de samba Geraldo Filme de Sousa (São João da Boa Vista, SP, 1928 - São Paulo, SP, 1995) con interpretaciones de 20 cantantes negras de diferentes generaciones y estilos. Entre las canciones se intercalan algunos textos del escritor  Léo Lama sobre la vida de Tio Gê narrados por los actores Aílton Graça, João Acaiabe y Sidney Santiago Kuanza. Es necesario destacar también el acompañamiento y los elegantes arreglos de Robertinho Carvalho, Dino Barioni y Ogair Júnior (éste también es el director musical del disco).

"Geraldo de Souza Filme (25 de agosto de 1927 – 5 de janeiro de 1995) tinha somente 10 anos, mas se indignou como gente grande ao ouvir do pai a sentença de que “Em São Paulo não se faz de samba de respeito como no Rio de Janeiro”.
O garoto transformou a indignação em ação e compôs o samba Eu vou mostrar (1938), marco inicial de obra grandiosa e militante, calcada tanto no orgulho negro e na origem paulistana quanto na denúncia das injustiças sociais que, no Brasil, oprimem sobretudo pretos e pobres.
A história é contada por Aílton Graça no texto O negrinho das marmitas, narrado pelo ator no álbum duplo Tio Gê – O samba paulista de Geraldo Filme, idealizado por Fernando Cardoso e editado em CD pelo Selo Sesc neste mês de março (a edição digital foi lançada em 28 de fevereiro). Na sequência do texto, o samba Eu vou mostrar é ouvido na voz de Leci Brandão, militante bamba carioca abraçada nas rodas paulistanas do samba.
No disco, gravado e produzido sob direção musical de Ogair Júnior, o samba do bamba paulistano ganha tratamento à altura da importância da obra do compositor.
Ao longo de 26 faixas, essa obra monumental é valorizada nas vozes de 22 cantoras negras de diferentes gerações em gravações inéditas ouvidas entre textos de Léo Lama narrados pelos atores Aílton Graça, João Acaiabe e Sidney Santiago Kuanza.
A alta qualidade do tributo fica perceptível já na majestosa gravação do samba Que gente é essa? – ode à dinastia negra, valorizada pela africanidade de arranjo que cita até o toque do ijexá – que abre o disco 1 na voz viçosa de Graça Braga.
Enraizado na geografia de São Paulo (SP), como ilustra Tebas, samba sobre o escravo que construiu a Praça da Sé (marco zero da cidade) revivido por Cleide Queiroz, o cancioneiro de Geraldo Filme faz a crônica do crescimento da metrópole em São Paulo menino grande (samba confiado a Amanda Maria) e louva rodas matriciais da cidade em Samba da Barra Funda, Último sambista e Lava-pés, composições agregadas em pot-pourri defendido por Eliana Pittman com combinação precisa de alegria e melancolia.
Contudo, o perfil realista de Garoto de pobre, samba (bem) interpretado por Teresa Cristina, extrapola o enredo paulistano e se enquadra na desajustada moldura social do Rio de Janeiro, celeiro de bambas diplomados na arte da sobrevivência.
Mesmo orgulhosamente paulista, o samba de Geraldo Filme também soa universal no tom seresteiro de Cravo vermelho, lustrado pelo verniz vocal de Áurea Martins. “Em toda parte da terra / A saudade segue a gente”, reconhece o compositor em versos de Amigo, samba em que Rosa Marya Colin versa sobre desilusão amorosa.
Entranhada no coração dos bambas desde que o samba é samba, a sofrência é propagada por Xênia França em Anúncio depois que Ellen Oléria alerta sobre a vaidade que move O luxo da cidade com letra que alude ao samba-canção Conceição (Dunga e Jair Amorim, 1956).
Raro samba composto por Geraldo Filme em parceria (no caso, com Jorge Costa), Baiano capoeira abre o disco 2 com os vivazes histrionismos de Maria Alcina. Na sequência, Graça Cunha evoca a ancestralidade negra ao cantar / contar História de capoeira.
Já o trio Clarianas – formado pelas cantoras Martinha Soares, Naloana Lima e Naruma Costa – expõe em Tradições e festas de Pirapora a influência dos sambas rurais na obra do bamba. No mesmo terreiro, Virgínia Rosa ecoa Batuque de Pirapora em arranjo que combina o toque da sanfona com o baticum das percussões.
Em solo urbano, Sandra de Sá louva Tradição (Vai no Bexiga pra ver) em tom esfuziante que contrasta com a resignada tristeza que é senhora em Silêncio no Bexiga, samba-canção sobre a morte de um poeta, cujo luto é amaciado pelo veludo vocal de Alaíde Costa.
Com a notória autoridade de ser uma das mais nobres damas do samba paulistano, escorada em arranjo que ecoa ruralidades sertanejas, Fabiana Cozza dá o devido valor ao samba-afro A morte de Chico Preto, propagado além das fronteiras de Sampa na voz de Clementina de Jesus (1901 – 1987) em gravação de 1975.
Já Paula Lima cai no suingue samba soul em Vá cuidar de sua vida em gravação turbinada com o rap de Dexter. Voz disco do samba soul, Lady Zu mantém o suingue e a bossa na cadência sacudida de Vamos balançar.
No arremate do disco 2, Luciah Helena faz o inventário da vida do bamba em Reencarnação, sambas de versos autorreferentes ouvido em registro camerístico de voz-e-piano. Na letra, Tio Gê louva o samba e a negritude que pautaram a vida e obra do artista, ansiando por vir de novo ao mundo com a mesma cor e o mesmo dom de bamba.
Geraldo Filme saiu de cena há 25 anos, aos 67 anos, deixando obra que, mesmo momentaneamente abafada por outros sons e ritmos, atravessará gerações.
A amostra dessa obra do compositor apresentada no álbum duplo Tio Gê – O samba paulista de Geraldo Filme é expressiva o suficiente para atestar que a indignação do menino diante da sentença do pai serviu para mostrar que, sim, também se faz samba de respeito em São Paulo." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 15.03.2020)

Temas

CD 1
01
Que gente é essa
Geraldo Filme
Graça Braga
02
O negrinho das marmitas
Texto de Léo Lama
Aílton Graça
03
Eu vou mostrar
Geraldo Filme
Leci Brandão
04
Tebas
Geraldo Filme
Cleide Queiroz
05
São Paulo menino grande
Geraldo Filme
Amanda Maria
06
O samba da lata de lixo
Texto de Léo Lama
Sidney Santiago Kuanza
07
Samba da Barra Funda / Último sambista / Lava-pés
Geraldo Filme
Eliana Pittman
08
Garoto de pobre
Geraldo Filme
Teresa Cristina
09
A elegância do corvo
Texto de Léo Lama
João Acaiabe
10
Cravo vermelho
Geraldo Filme
Áurea Martins
11
Amigo
Geraldo Filme
Rosa Marya Colin
12
O luxo da cidade
Geraldo Filme
Ellen Oléria
13
Anúncio
Geraldo Filme
Xênia França
CD 2
01
Baiano capoeira
Jorge Costa - Geraldo Filme
Maria Alcina
02
História da capoeira
Geraldo Filme
Graça Cunha
03
Tradições e festas de Pirapora
Geraldo Filme
Clarianas
04
O choro do Tambu
Texto de Léo Lama
Sidney Santiago Kuanza
05
Tradição (Vai no Bexiga pra ver)
Geraldo Filme
Sandra de Sá
06
Vá cuidar da sua vida
Geraldo Filme (Vers. Dexter)
Paula Lima
07
Vamos balançar
Geraldo Filme
Lady Zu
08
O silêncio do apito
Texto de Léo Lama
Aílton Graça
09
Silêncio no Bexiga
Geraldo Filme
Alaíde Costa
10
A morte de Chico Preto
Geraldo Filme
Fabiana Cozza
11
Batuque de Pirapora
Geraldo Filme
Virgínia Rosa
12
Negro não é anjo
Texto de Léo Lama
João Acaiabe, Aílton Graça & Sidney Santiago Kuanza
13
Reencarnação
Geraldo Filme
Luciah Helena