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Evolução vol.1

Plebe Rude
Discos: Rock-Pop

Disponible

Ficha técnica Discos

Sello	Independiente
Estilo	Rock-Pop
Año de Edición Original	2019

Más

Plebe Rude: Philippe Seabra (voz, guitarras, piano, samplers, arreglos), Clemente (voz, guitarra eléctrica), André X (bajo, coros), Marcelo Capucci (batería, coros).

Músicos invitados: Walter Casagrande Júnior (voz locución), André Henrique y Jefferson Moura (trompeta), Paulo Rogério (saxo), Jarbas Homem de Mllo y Fabio Yoshihara (coros).

Participación especial de: Ana Carolina Floriano (voz).

Grabado en el Estúdio Daybreak, en Brasília, entre febrero y septiembre de 2019.

Edición en formato Digipack.

"Parece ter sido preciso que a Plebe Rude revolvesse as próprias origens no álbum Primórdios 1981 – 1983 – lançado em abril de 2018 somente em edição digital – para seguir adiante e conseguir evoluir, em rota improvável para banda de rock formada há 38 anos e, descontado o hiato de cinco anos na década de 1990, sempre na ativa.
O progresso está atestado em Evolução vol. 1, primeira parte do duplo álbum conceitual em que a banda historia os caminhos tortos da humanidade com a mesma aguda consciência social e visão política de discos anteriores como Nação daltônica (2014) e O concreto já rachou (1985).
Com 14 das 28 músicas do repertório disposto de forma cronológica, Evolução vol. 1 é a vigorosa resposta dada aos seguidores da Plebe que se perguntavam até quando esperar por álbum relevante como seminal EP inicial da banda de Brasília (DF).
Como o rock já vive à margem do mercado pop nacional, tendo sido suplantado pelo rap como o gênero musical pensador do Brasil, Evolução jamais rachará concretos. Mas ficará para a posteridade como disco de grande fôlego da Plebe, banda que sempre soou coerente com a ideologia punk que a gerou.
Da formação inicial, permanecem Philippe Seabra (voz e guitarra) e André X (baixo e vocal). Ícone do punk paulistano e voz de grupos como Inocentes, Clemente Nascimento (guitarra e vocal) se juntou à Plebe em 2004. O baterista Marcelo Capucci, que completa a atual formação do quarteto, ingressou em 2011.
“O volume 1 de Evolução começa com o homem se tornando um bípede, explorando o habitat e descobrindo a arte da convivência e da sobrevivência. Ele começa a se fixar ao redor do planeta e passa por todos os marcos da história até o início do século XX. Deixamos o século XX para o volume 2”, explica o baixista André X em nota sobre a edição da primeira parte do álbum duplo.
A explicação é fundamental para entender que a força do álbum Evolução está no conjunto da obra, idealizada como ópera-rock. Há até planos de encenar musical de teatro sob a direção de Jarbas Homem de Mello em 2020, ano em que será lançado o segundo volume do álbum temático.
Mesmo que haja músicas sobressalentes, o repertório inédito e autoral somente se engrandece se ouvido em sequência porque a Plebe Rude conta uma história em Evolução com o habitual teor crítico.
No primeiro volume, a linha evolutiva começa no rock que dá nome ao álbum – Evolução, composto por André X e Philippe Seabra em 1989 e retrabalhado após 30 anos para o disco – e culmina com A mesma mensagem (Philippe Seabra), rock que aponta o mau uso da fé ao pregar a tolerância religiosa entre seguidores de diferentes credos. “A convivência cabe a você”, ressalta verso-síntese da letra.
À medida em que os temas se sucedem em ordem cronológica, o disco transita por diversos climas sem se afastar do território do rock. Se O início (Philippe Seabra) é vinheta de tom quase fúnebre, A nova espécie (Philippe Seabra) é introduzida por violões de acento folk até a faixa ganhar a pressão do rock, condizente com letra que versa sobre o homem já embriagado pela sede egoica de poder no inicio da civilização.
Se há alguma serenidade em O fogo que ilumina o caminho (Philippe Seabra), música que historia a descoberta do fogo e a invenção da roda, o clima logo começa a pesar quando o disco descortina A janela pro céu (André X e Philippe Seabra) com letra que versa sobre guerras, matanças e doenças entre acordes de guitarras.
Essas guitarras ficam distorcidas entre as nuvens que encobrem A queda de Roma (André X) com tom sombrio que prepara o clima ainda mais denso de Bring out your dead (Philippe Seabra), faixa que ecoa o stoner rock com direito a uma marcação de bateria que sugere a pisada de cavalaria.
A morte ronda o álbum Evolução e fica à espreita quando a Plebe Rude discorre em Nova fronteira (Philippe Seabra) sobre invasões a continentes habitados por índios e negros. Em participação de fato especial na faixa, Ana Carolina Floriano rememora, com a voz angelical das crianças, os prejuízos causados à África pelo medieval homem branco europeu.
A saga sanguinolenta pelos continentes continua em Descobrimento da América (Philippe Seabra), faixa de 10 minutos e 35 segundos já previamente lançada em single. Na sequência da história, Um belo dia em Florença (André X e Philippe Seabra) deixa para trás as angústias da Idade Média para iluminar a valorização da arte e da ciência.
“Pra acabar com a ignorância só a razão / Somente a luz vence a escuridão”, sentencia a Plebe Rude em Luz no fim das trevas (parte 1), música de autoria do guitarrista Clemente.
A parte 2 de Luz no fim das trevas – assinada por André X e Philippe Seabra com o baterista Marcelo Capucci – saúda a nova era em tom meio épico, evidenciando as orquestrações imperiosas construídas para o álbum, por vezes com alguns coros como de A história déjà vu (Clemente e Philippe Seabra).
Enfim, o pulso do rock brasileiro ainda pulsa. Mesmo que o segundo volume do álbum Evolução não resulte à altura do primeiro, a Plebe Rude encorpa e engrandece a própria história ao traçar os caminhos tortuosos da humanidade em disco à altura dos primórdios da banda." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 10.12.2019)