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En Uruguay

Agostinho dos Santos
Discos: MPB

Disponible

16,62 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Discobertas
Estilo MPB
Año de grabación 1962
Año de Edición Original 2021
Concierto

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Agostinho dos Santos (voz)

Pedrinho Mattar (piano), Chu Viana (Manuel Luís Viana) (contrabajo), Rubens Barsotti (batería).

Grabado "ao vivo" en el auditorio de la Radio Monte Carlo, en Montevideo (Uruguay), en 1962.

"Assim como Marília Mendonça (1995 – 2021), o cantor paulistano Agostinho dos Santos (25 de abril de 1932 – 11 de julho de 1973) teve a voz calada precocemente em desastre de avião quando, há 48 anos, o Boeing 007 de prefixo PP-VJZ, da Varig, pegou fogo minutos antes de pousar no aeroporto de Orly, em Paris.
O cantor tinha 41 anos. Diferentemente da estrela sertaneja, cuja trajetória artística foi interrompida no auge, o artista já tinha vivido o pico de popularidade ao longo dos anos 1950, década áurea da carreira deste cantor da era do rádio cujo repertório transitava basicamente entre o samba-canção, o bolero e o cancioneiro da bossa nova.
Com a afinada voz de veludo, preponderante até a primeira metade dos anos 1960, Agostinho dos Santos foi grande cantor que extrapolou as fronteiras do Brasil, tendo inspirado sucessores do porte de Emilio Santiago (1946 – 2013) e Milton Nascimento. Tal influência é ressaltada pelo produtor Thiago Marques Luiz em texto escrito para o encarte da edição em CD do inédito álbum Agostinho dos Santos en Uruguay.
Lançado pelo selo Discobertas nesta segunda quinzena de novembro de 2021, por ora somente em CD, o álbum eterniza onze números de apresentação feita pelo cantor brasileiro em 1962 no auditório da Rádio Monte Carlo, emissora de Montevidéu, capital do Uruguai, reproduzindo ao fim do disco a entrevista dada por Agostinho (e pelos músicos do show) a locutor da emissora.
Editado graças à digitalização, restauração e masterização por Anderson Caserini de fita de rolo com a gravação inédita, encontrada quando Thiago Marques Luiz vasculhava o próprio acervo para fornecer material para documentário sobre Agostinho dos Santos feito sob direção de Ney Inácio, o disco Agostinho dos Santos en Uruguay flagra o cantor em ação com o trio comandado pelo pianista paulistano Pedrinho Mattar (1936 – 2007) e que, além do líder, era formado pelo baterista Rubinho Barsotti (1932 – 2020) – integrante da formação original do Zimbo Trio – e pelo baixista Manuel Luís Viana, conhecido como Chu Viana.
O trio era hábil no toque da bossa nova, estilo de música ao qual Agostinho dos Santos ficou associado por ter sido o intérprete original de Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antonio Maria, 1959) e A felicidade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), composições gravadas para a trilha sonora original do filme francês Orfeu negro (1959).
Além de terem dado visibilidade planetária ao cantor, os dois registros fizeram com que Agostinho dos Santos fosse convidado para o elenco do lendário show do Carnegie Hall que apresentou a Bossa Nova aos Estados Unidos naquele ano de 1962. A propósito, o roteiro seguido por Agostinho na apresentação no auditório da rádio uruguaia foi similar ao cantado pelo artista no célebre palco de Nova York.
Manhã de Carnaval abre o disco Agostinho dos Santos en Uruguay com atmosfera de samba-canção, deixando claro que a adesão do cantor à bossa nova foi quase acidental.
A praia do cantor era outra, ainda que Agostinho tenha caído com leveza no suingue de Céu e mar, samba harmonicamente arrojado, composto em 1953 por Johnny Alf (1929 – 2010), gravado originalmente pelo autor em 1958 em obscuro disco de 78 rotações e apresentado por Agostinho como novidade (“primeira audição”, nas palavras dirigidas pelo artista aos ouvintes uruguaios).
A rigor, Agostinho dos Santos era intérprete mais vocacionado para ecoar o melodrama de Balada triste (Douglas Vogeler e Esdras Pereira da Silva, 1958), composição que apresentou ao Brasil simultaneamente com Angela Maria (1929 – 2018).
A impostação com que dá voz à delicada canção A noite do meu bem (Dolores Duran, 1958) exemplifica o tom primordial do canto de Agostinho dos Santos – sem demérito para o artista – e justifica a inclusão no roteiro do show da dramática Balada do homem sem Deus, música lançada e assinada em 1959 por Agostinho, compositor bissexto, em parceria com Fernando César (1917 – 1983), autor de vários sambas-canção populares nos anos 1950.
Contudo, a visibilidade internacional alcançada pelo cantor por conta das gravações do já mencionado filme Orfeu negro ligou para sempre o nome de Agostinho dos Santos à bossa nova. É por isso que sambas como A felicidade – de versos inicialmente recitados pelo cantor na apresentação no Uruguai – e O amor em paz (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1960) figuram no roteiro.
Aliás e a propósito, Agostinho dos Santos foi o intérprete original de O amor em paz, mas a música passou sintomaticamente despercebida e somente seria notada quando João Gilberto (1931 – 2019) a gravou em 1961 no terceiro álbum do criador da bossa.
É que, cabe enfatizar, Agostinho dos Santos era intérprete mais talhado para propagar o sofrimento das canções de amor sem paz, dos boleros e dos samba-canção da fase pré-Bossa Nova. Meu castigo (Onildo Almeida, 1958) exemplifica no disco a sofrência recorrente no canto do artista. Agostinho dos Santos carregava na voz a alma sentimental brasileira e, inclusive por esse dom, merece ser retirado do ostracismo em que se encontra há décadas.
Disco viabilizado pelo produtor Thiago Marques Luiz em parceria com o pesquisador musical Marcelo Fróes, diretor do selo Discobertas que já lançou em 2014 duas caixas com reedições em CD de oito álbuns gravados pelo cantor entre 1958 e 1961, Agostinho dos Santos en Uruguay é o primeiro movimento para reavivar a memória do grande cantor que entrou em cena no rádio, em 1951, e que poderia estar festejando 70 anos de carreira em 2021 se não tivesse pegado o trágico voo Rio-Paris de 1973." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 25.11.2021)

Temas

CD 1
01
Manhão de carnaval
Luiz Bonfá - Antonio Maria
02
Balada triste
Dalton Vogeler - Esdras Pereira da Silva
03
Horóscopo
Mario Donato - Heitor Carillo
04
O amor em paz
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) - Vinicius de Moraes
05
A noite do meu bem
Dolores Duran - Ribamar
06
Céu e mar
Johnny Alf
07
Balada do homem sem Deus
Fernando César - Agostinho dos Santos
08
Um olhar, um sorriso
Guerra Peixe
09
Meu castigo
Onildo Almeida
10
A felicidade
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) - Vinicius de Moraes
11
Balada triste (reprise)
Dalton Vogeler - Esdras Pereira da Silva