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Natureza

Joyce & Mauricio Maestro
Discos: MPB / Jazz

Disponible

16,62 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Far Out
Estilo MPB / Jazz
Año de grabación 1977
Año de Edición Original 2022

Más

Joyce (voz, guitarra acústica), Mauricio Maestro (voz, guitarra acústica)

Joe Farrell o Ion Muniz (flauta), Michael Brecker (saxo tenor), Mike Mainieri (vibráfono), Warren Bernhardt (piano), Buster Williams (contrabajo), João Palma (batería), Tutty Moreno (batería, percusión), Naná Vasconcelos (percusión) y orquesta, con arreglos y dirección de Claus Ogerman.

Grabado en Columbia Studios, en la ciudad de Nueva York (EEUU), en 1977.

Edición en formato Digipack.

"Tentar decifrar em 2022 o que aconteceria com a carreira de Joyce Moreno se o álbum Natureza tivesse sido lançado em 1977 – ano em que o disco foi gravado em Nova York (EUA) com produção musical e arranjos do maestro alemão Claus Ogerman (29 de abril de 1930 – 8 de março de 2016) – é mero especulativo exercício de futurologia sobre possibilidade enterrada no passado.
Pode ser que o suingue singular da música e do violão da cantora, compositora e instrumentista carioca tivesse alcançado visibilidade planetária, antecipando em duas décadas o que aconteceu nos anos 1990 quando músicas como Aldeia de Ogum (Joyce Moreno, 1980) caíram em pistas europeias, abrindo para Joyce um mercado que gerou álbuns feitos para o Japão, Europa e/ou Estados Unidos.
Mas também pode ser que, pela barreira imposta pela língua portuguesa, Natureza se tornasse álbum cultuado somente no nicho norte-americano do jazz – e não foi por acaso que Ogerman insistiu para que Joyce regravasse as músicas com letras alternativas em inglês para que o disco pudesse ser absorvido sem restrições pelo mercado dos Estados Unidos.
Joyce resistiu à ideia, o que parece ter desmotivado Ogerman a lutar pela edição do disco, arquivado (inclusive por questões de ordem jurídica) e dado como perdido até que a fita da gravação – feita nos estúdios da gravadora Columbia por Joyce Moreno (voz, violão e vocais) com a colaboração de Mauricio Maestro (voz, violão e vocais) – fosse encontrada por sobrinha de Ogerman, após a morte do maestro.
A descoberta da fita viabilizou a edição do álbum Natureza, após 45 anos, via Far Out Recordings, gravadora inglesa que edita discos de Joyce há 23 anos, precisamente desde o álbum Hard bossa (1999).
E o fato é que Natureza chega ao mundo digital em 30 de setembro – com capa assinada por Alessandro Renaldin em cuja arte vê-se a silhueta do Cristo Redentor – e ganha edição física em LP e CD programados para 28 de outubro, ambos com as sete faixas gravadas por Joyce e Mauricio com músicos do naipe do baterista João Palma (1943 – 2016), do percussionista Naná Vasconcelos (1944 – 2016) e do ritmista Tutty Moreno (percussão e bateria), instrumentista com quem Joyce se afinou na música e na vida.
Conceituados músicos norte-americanos de jazz – como o baixista Buster Williams, o flautista Joe Farrell (1937 – 1986), o saxofonista Michael Brecker (1949 – 2007), o vibrafonista Mike Mainieri e o pianista Warren Bernhardt – foram arregimentados por Ogerman para a gravação e contribuíram decisivamente para que Natureza resultasse, em essência, em disco de samba-jazz. Ou de samba com jazz.
A natureza jazzística do álbum já ficou claro quando a gravação de Feminina – a rigor, o primeiro registro fonográfico do samba efetivamente apresentado ao mundo em 1979 nas vozes do Quarteto em Cy – emergiu em 1999 na coletânea A trip to Brasil II. Com 11 minutos e 25 segundos, a gravação de Feminina é a pista certeira do som do álbum Natureza.
O disco tem viço, como mostra a pulsação do samba Moreno, embasado com a percussão e a bateria de Tutty Moreno – muso inspirador da composição em cuja letra é citado nominalmente – em gravação que resulta mais sedutora do que o (bom) registro que seria feito por Joyce dali a quatro anos para o álbum Água e luz (1981).
Contudo, mesmo soando fiel ao espírito do som de Joyce, o álbum Natureza está longe de ser o melhor exemplo da maestria de Claus Ogerman como orquestrador e regente. Não espere encontrar em Natureza arranjos orquestrais com a leveza alcançada por Ogerman em Amoroso (1977), obra-prima da discografia de João Gilberto (1931 – 2019) que chegou ao mundo no mesmo ano em que Joyce gravou Natureza com o maestro alemão que já trabalhara com Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994).
Basta ouvir a gravação de Mistérios (Joyce Moreno e Mauricio Maestro) – canção que seria lançada na voz de Milton Nascimento em gravação feita com o grupo Boca Livre para o álbum Clube da Esquina 2 (1978) – para detectar um excesso, mínimo que seja. Tanto que a faixa não resiste ao registro mais depurado e leve de Mistérios que seria feito por Joyce para o álbum Feminina (1980), flash de momento áureo da carreira da artista no Brasil.
Entrecortada por passagens instrumentais jazzísticas, a gravação do samba Coração sonhador expõe o solo vocal sem brilho de Mauricio Maestro, parceiro de Claudio Guimarães na composição. Maestro também dá voz à canção Ciclo da vida, composição de lavra própria valorizada no disco pela refinada trama dos violões, parte fundamental do criativo arranjo.
Mesmo com eventuais excessos, toda a parte instrumental do disco Natureza prima por sofisticação que expõe a interação entre os músicos. Faixa já previamente apresentada em 2002, em compilação da obra de Claus Ogerman, Descompassadamente (Joyce Moreno e Mauricio Maestro) ratifica que Natureza é disco feito para ser sorvido por seguidores do jazz, sem apelo pop ou popular.
Ainda assim, ao fim do álbum Natureza, a swingueira de Pega leve – tema sem letra (levado por Joyce nos vocais) que a artista regravaria no ano seguinte no disco coletivo Trindade (1978) e, 23 anos depois, no álbum Gafieira moderna (2001) – sinaliza que, sim, talvez a música de Joyce Moreno ganhasse o mundo em 1977.
Futurologia inútil à parte, o tempo fez justiça à artista, atualmente com 74 anos, com uma agenda cheia mundo afora e um disco de músicas inéditas a caminho, Brasileiras canções, agendado para agosto.
No fim das contas, o que importa é que a natureza da obra da artista – preservada por Claus Ogerman, justiça seja feita, no disco norte-americano de Joyce Moreno – se manteve imaculada ao longo desses 45 anos, imune aos vírus do mercado predador." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 29.07.2022)

"Not long after the dawn of her career, as a teenager in Rio de Janeiro, Joyce was declared “one of the greatest singers” by Antonio Carlos Jobim. Yet despite reputable accolades and the fact that she has since recorded over thirty acclaimed albums, Joyce never quite achieved the international recognition of the likes of Jobim, João Gilberto and Sergio Mendes, all of whom became global stars after releasing with major labels in the US.
There was a moment when it seemed Joyce might be on the cusp of an international breakthrough. While living in New York, she was approached by the great German producer Claus Ogerman. Ogerman had already played a pivotal role in the development and popularisation of Brazilian music in the 1960s, recording with some of the all-time greats like Jobim and João Gilberto, as well as North American idols like Frank Sinatra, Billie Holiday and Bill Evans.
“I met him in New York City, in 1977”, recalls Joyce. “I was living and playing there, and João Palma, Brazilian drummer who used to play with Jobim, introduced me to Claus. We had an audition, he liked what we were doing and decided to produce an album with us.”
Featuring fellow Brazilian musicians Mauricio Maestro (who wrote/co-wrote four of the songs), Nana Vasconcelos and Tutty Moreno, and some of the most in-demand stateside players including Michael Brecker, Joe Farrell and Buster Williams, the recordings for Natureza took place at Columbia Studios and Ogerman produced the album, provided the arrangements and conducted the orchestra.
But mysteriously, Natureza was never released, and what should have been Joyce’s big moment never happened. As Joyce remembers, “I returned home, but Claus and I remained in contact, by letters and phone calls. He was very enthusiastic about the album and tried to hook me up with Michael Franks. He wanted me to go back to NYC in order to re-record the vocals in English with new lyrics, which I actually wasn’t too happy about. But then I got pregnant with my third child and could not leave Brazil. And little by little our contact became rare, until I lost track of him completely. And that was it. I never heard from him again.”
While Claus was known to be something of an elusive character, the album’s disappearance might also have been a result of timing. The Brazilian craze was coming to an end, making way for disco and new wave at the end of the seventies, and Ogerman struggled to find a major label interested in his new Brazilian sensation. Additionally, as Joyce mentions, it wasn’t quite finished. Ogerman wanted to add finishing touches to the mix and to record alternative English lyrics for the US and international markets - a critical artistic difference between Joyce and Ogerman.
As the military dictatorship’s grip on Brazil began to subside in the 1980s, Joyce had a handful of hits in her home county, including a tribute to her daughters ‘Clareana’, and the iconic ‘Feminina’ - an intergenerational conversation between mother and daughter about what it means to be a woman. But already a feminist pioneer, these successes were hard fought. Joyce had caused controversy as a nineteen-year-old when she became the first in Brazil to sing from the first-person feminine perspective, and the institutional sexism she faced was worsened by the dictatorship who would often censor her music. Even once the Junta was out of the way, Joyce found herself up against the male-dominated major record companies in Brazil, who sought to dictate her career and sexualise her image, before dropping her for refusing to play along.
A few years after the success of her albums Feminina and Agua E Luz in Brazil, Joyce’s music began to find its way to the UK, Europe and Japan, and ‘Feminina’ and ‘Aldeia de Ogum’ became classics on the underground jazz-dance scenes of the mid to late-eighties and early-nineties.
The full-length version of ‘Feminina’ from the Natureza sessions was first heard on a Brazilian Jazz compilation in 1999 and ‘Descompassadamente’ was licensed for a CD compiling the work of Claus Ogerman in 2002. Following these, word began to get out about an unreleased Joyce album with Claus Ogerman and the legend of Natureza grew.
Forty-five years since it was recorded, Natureza finally sees the light of day, with Joyce’s Portuguese lyrics and vocals, as she intended. Featuring the fabled 11-minute version of ‘Feminina’, as well as the never before heard ‘Coração Sonhador’ composed and performed by Mauricio Maestro, Natureza’s release is a landmark in Brazilian music history and represents a triumphant, if overdue victory for Joyce as an outspoken female artist who has consistently refused to bow to patriarchal pressure.

*Disclaimer! While “Feminina” and “Descompassadamente’’ were mixed by legendary engineer Al Schmitt and mastered from the original master tapes, the remaining five tracks are unmixed. Due to significant deterioration of the master-tapes, the best audio source for these tracks was an unmixed tape copy Joyce had kept of the recordings. The best care has been taken in the restoration and mastering of this release, but the sound quality may differ from other releases on Far Out Recordings. We advise listening to sound clips before buying where possible."

Temas

CD 1
01
Feminina
Joyce Moreno
11:25
02
Moreno
Joyce Moreno
04:44
03
Coração sonhador
Claudio Guimarães - Mauricio Maestro
05:33
04
Descompassadamente
Mauricio Maestro - Joyce Moreno
04:59
05
Mistérios
Joyce Moreno - Mauricio Maestro
05:32
06
Ciclo da vida
Mauricio Maestro
08:35
07
Pega leve
Joyce Moreno
03:42