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Errante

Adriana Calcanhotto
Discos: MPB

Disponible

20,38 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Modern Recordings / BMG
Estilo MPB
Año de Edición Original 2023

Más

Adriana Calcanhotto (voz, guitarra acústica, producción)

Diogo Gomes (trompeta), Jorge Continentino (sao tenor, saxo barítono, flauta, clarinete, ocarina), Marlon Sette (trombón), Davi Moraes (guitarras, producción), Rodrigo Amarante (mandolina), Alberto Continentino (contrabajo, piano, piano eléctrico, lira, producción), Domenico Lancellotti (batería, MPC, sintetizador, percusión, producción).

Edición en formato Digipack.

"Como toda forma de Arte, a música jamais se deixa aprisionar pelos conceitos subjetivos de certo ou errado. Errante – álbum que Adriana Calcanhotto lança amanhã, 31 de março, em edição do selo alemão Modern Recordings que chega ao mundo via BMG International – resulta acertado dentro do erro. Ou errado dentro do acerto.
A dialética se impõe porque Errante – décimo álbum de estúdio de Calcanhotto e 19º título da discografia da artista se a contabilidade incluir a produção fonográfica para crianças do heterônimo infantil Adriana Partimpim – envolve em teia sofisticada de arranjos e conceitos um conjunto de onze canções no todo menos sedutor no confronto com a obra pregressa da compositora.
Com título que significa nômade, Errante aponta Calcanhotto como cidadã do mundo, nascida em Porto Alegre (RS) em outubro de 1965 e, desde então, em rota imprecisa pela vida que ora vem pondo a artista na ponte aérea entre Rio de Janeiro (RJ) e Coimbra (Portugal), com escalas que a levam a “atravessar desertos” na viagem existencial.
A expressão “atravessar desertos” aparece em verso de Prova dos nove, canção autobiográfica assentada sobre tambor evocativo do batidão do funk carioca, sintetizado na drum machine pilotada pelo baterista Domenico Lancellotti.
Domenico integra a banda do disco, formada pelos músicos Alberto Continentino (baixo, piano e lira), Davi Moraes (guitarra e violão), Diogo Gomes (trompete), Jorge Continentino (saxofone) e Marlon Sette (trombone), além da própria Adriana Calcanhotto (voz e violão), sendo que Alberto, Davi e Domenico assinam a produção musical do álbum Errante com Calcanhotto.
Essa banda de sonhos reveste as onze canções com tal sofisticação e riqueza de timbres que deixa a impressão de que a safra autoral do álbum Errante tem uma inspiração que talvez desaparecesse em parte com as canções desnudas, ainda que a voltagem poética das letras geralmente curtas de Calcanhotto seja quase sempre alta.
O requinte detalhista dos arranjos é perceptível, para citar um entre muitos possíveis exemplos, na evocação da cadência buliçosa do maxixe aos dez segundos finais de Prova dos nove. É a ponte para a cadência envolvente da faixa seguinte, Larga tudo, música que concilia a levada baiana do samba de roda com o balanço carioca dos maxixes da década de 1920. Larga tudo é convite de Calcanhotto para curtir a eternidade fugaz de uma madrugada “num quarto de hotel com vista pro céu”.
“Felina, a hora foge antes do que você pensa”, adverte Calcanhotto em verso de Quem te disse?, faixa que, no balanço das horas, conduz o álbum Errante para a intimidade de um samba-canção.
Nessa parte inicial do disco, Calcanhotto persegue uma alegria – simulada? – que ainda exala um último suspiro em Levou pro samba a minha fantasia – samba que flagra a cantora em contágio com o micróbio do álbum de 2011 em gravação que destaca o piano manemolente de Alberto Continentino – até começar a se dissolver na quinta das 11 faixas do disco, Era isso o amor?, luminoso instante de desencanto que gera versos como “Era isso o amor? / Era isso? / Arder, arder, queimar / Consumindo-se em seu umbigo / ... / “Era isso o amor? / Era isso? / Arder, arder, arder, queimar e / Retirar-se sem aviso”.
A canção hesita em cumprir a vocação para cair no samba, sendo levada por instrumental que evoca de longe a aspereza roqueira. Canção em inglês gravada com o toque do mandolim de Rodrigo Amarante e situada no meio do álbum, Lovely remete ao Caetano Veloso enlutado do exílio em Londres, inclusive no canto mais grave de Calcanhotto.
A frequência grave se repete na canção Jamais admitirei, música de batida seca que se apresenta como samba em verso da letra. Na sequência, a canção Reticências eleva o luto à potência máxima, jogando o disco em estado quase letárgico.
Xote encabulado, Pra lhe dizer é faixa já revelada em single editado em fevereiro na sequência da primeira amostra do álbum, Horário de verão, canção incerta apresentada em janeiro que exemplifica o refinamento sutil da obra de Calcanhotto em música que fala mais ao cérebro do que ao coração.
Por fim, no arremate de Errante, aparece a música-síntese do álbum, Nômade, em grande arranjo que anda pelo mundo, atento aos sinais estéticos deixados no caminho pela pintora Lygia Clark (1920 – 1988), criadora da instalação A casa é o corpo (1968), cujo título é citado na letra que também embute frases de Gilberto Gil.
Como já revelou em verso de canção 1992, Adriana Calcanhotto gosta de opostos. É por isso que a artista parece estar em casa ao simular alegrias e acertos entre os lutos da rota nômade do álbum Errante." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 30.03.2023)

Temas

CD 1
01
Prova dos nove
Adriana Calcanhotto
02:29
02
Larga tudo
Adriana Calcanhotto
02:50
03
Quem te disse?
Adriana Calcanhotto
03:15
04
Levou para o samba a minha fantasia
Adriana Calcanhotto
03:20
05
Era isso o amor?
Adriana Calcanhotto
04:08
06
Lovely
Adriana Calcanhotto
02:45
07
Jamais admitirei
Adriana Calcanhotto
03:15
08
Reticências
Adriana Calcanhotto
03:34
09
Pra lhe dizer
Adriana Calcanhotto
04:50
10
Horário de verão
Adriana Calcanhotto
03:08
11
Nômade
Adriana Calcanhotto
04:50