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Ney Matogrosso - A biografia

Julio Maria
Libros: Música

Disponible

39,90 € impuestos inc.

Ficha técnica Libros

Editorial Companhia das Letras
Estilo Música
Año de Edición Original 2021

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512 páginas (14 x 21 cm, ilustrado) (Peso: 619 g)

"Aliado apenas à própria intuição, Ney Matogrosso abriu um caminho único na música brasileira. Enfrentou as intransigências do pai militar e os dogmas da Igreja católica, sobreviveu aos anos de chumbo e à sombra da aids, manteve-se firme diante das promessas de riqueza do showbiz, das críticas a seu "canto de mulher" e da vigilância das censuras.
O jornalista e biógrafo Julio Maria passou cinco anos perseguindo a trilha de Ney para contar a história de um dos personagens mais transformadores da cultura do país. Visitou a casa em que ele nasceu em Bela Vista do Mato Grosso do Sul, a vila militar em que viveu a conturbada adolescência com o pai em Campo Grande e o quartel da Aeronáutica que o abrigou como soldado no Rio de Janeiro. Encontrou um irmão mais velho do qual a família não tinha notícias, levantou documentos de agentes que o observaram durante a ditadura e localizou fatos raros da fase Secos & Molhados. Ney Matogrosso – A biografia vai às camadas mais profundas da história de Ney para entregar a vida de um artista que pagou caro por defender seu direito de ser livre." (Texto de presentación de la editora)

"Leitura emocionante, Julio Maria vai fundo no retrato do artista que marcou para sempre a vida brasileira. (...) O namoro com Cazuza, a força com que Ney assistiu à morte de tantos namorados e amigos pelo vírus da aids, as atuações em teatro na juventude e em cinema na maturidade, a dignidade e sabedoria de sua aproximação e chegada à velhice (que nele nunca parece combinar com esse nome), tudo no livro mostra um ser humano fascinante, que engrandece a percepção da nossa vida como sociedade." Caetano Veloso

"Quando solicitado pela mídia, Ney Matogrosso até fala muito. Só que geralmente Matogrosso revela pouco ou mesmo nada sobre a alma de Ney de Souza Pereira, o cidadão que sempre se escondeu atrás da fantasia e da personagem do artista.
Avesso aos holofotes fora do campo profissional, Ney parece sempre ter sido sujeito estranho dentro e fora de cena, até por ser excessivamente fiel a si mesmo na vida e na música.
No palco, com ou sem roupa, Ney se expressa e se desnuda através da música. Na vida, de cara limpa, tem discurso pronto em que bate e rebate na tecla da liberdade, alvo principal do artista ao longo dos 80 anos festejados neste domingo, 1º de agosto de 2021.
Por isso mesmo, Ney Matogrosso – A biografia se impõe como o melhor livro já escrito sobre o artista, pondo o nome do jornalista paulistano Julio Maria no time dos grandes biógrafos brasileiros pela habilidade já mostrada no livro anterior Elis Regina – Nada será como antes (2015).
Nascido em 1973, ano em que Ney irrompeu como facho de luz na cena nacional, iluminando recantos escuros da sexualidade e da hipocrisia do povo brasileiro, Maria apresenta relato consistente da trajetória da vida e obra do cantor revelado como vocalista andrógino do grupo Secos & Molhados.
O único pecado do autor é repisar os caminhos pessoais e profissionais do cantor com superficialidade, de forma apressada, a partir da década de 1990, ainda que a narrativa avance (rapidamente, nos capítulos finais) até este ano de 2021, com a vacinação do artista contra a covid-19.
Contudo, os acontecimentos mais relevantes dos 50 primeiros anos de vida de Ney estão impressos nas 488 páginas do livro com texto apurado, extremamente bem escrito e editado.
Além da apuração precisa, a fluente edição do texto é a grande vantagem de Ney Matogrosso – A biografia em relação a Ney Matogrosso – Um cara meio estranho (1992), a primeira biografia de Ney, escrita pela jornalista carioca Denise Pires Vaz com profundidade psicológica rara em livros do gênero.
A primorosa organização das informações colhidas por Julio Maria através de entrevistas (muitas com o próprio biografado) e de pesquisas torna prazerosa a leitura da atual biografia até para quem, em tese, não se interessa pelo canto de Ney.
É que Julio conta muito bem a história deste cara impetuoso que enfrentou o machismo do pai e, para não baixar a cabeça para o autoritarismo paterno, saiu de casa após briga violenta, num dia de 1958, e caiu no mundo com 17 anos.
Além de contar a vida pré-fama de Ney como servidor da aeronáutica, saída encontrada pelo futuro artista para sobreviver na cidade do Rio de Janeiro (RJ) após a ruptura familiar, o biógrafo narra a via-crúcis desse sujeito de indumentária e ideologia hippies para driblar a fome em cidades como Brasília (DF) e São Paulo (SP) e para jamais deixar lhe escapar a liberdade.
E a liberdade sempre foi o bem mais precioso na visão de Ney de Souza Pereira, cidadão desapegado de dinheiro, devoto dos bichos, amante da natureza e praticante voraz de sexo feito com homens, mulheres e plateias embevecidas com o magnetismo desse cantor que sempre cantou (também) com o corpo, usado como forma de expressão contra a tirania.
Além de recontar a saga meteórica e fugaz do grupo Secos & Molhados (assunto principal do ótimo livro Primavera nos dentes – A história do Secos & Molhados, livro escrito por Miguel de Almeida e editado em 2019), Julio Maria detalha a gênese de álbuns e shows feitos por Ney na carreira solo iniciada em 1975 com o álbum Água do céu-pássaro e o show Homem de Neanderthal. Discos como Bandido (1976), Feitiço (1978) e Ney Matogrosso (1981) são analisados com o benefício da perspectiva do tempo.
No âmbito da vida pessoal de Ney, o autor nada acrescenta de relevante sobre o namoro com Cazuza (1958 – 1990), mas avança, muito, no que se sabia até então sobre a primeira paixão de Ney (por carioca identificado no livro como Zé) e principalmente sobre a história de amor entre Ney e Marco de Maria, terceiro e último grande amor do artista – história de fim trágico pela morte de Marco em decorrência de complicações da infecção com o vírus da Aids.
Entre paixões duradouras, surgem nas páginas da biografia casos fugazes de Ney com personalidades como o ator Leonardo Villar (1923 – 2020) e a cantora Simone sem que o autor jamais chegue perto do terreno do sensacionalismo.
Contudo, o mote do livro é a resistência de Ney Matogrosso na luta contra toda forma de opressão. A voz andrógina do cantor foi veículo para expressar sentimentos e emoções que provocaram a ira dos conservadores. Julio Maria mostra que, além da censura, Ney despertou sentimentos mesquinhos em personalidades como o apresentador Chacrinha (1917 – 1988) e o marqueteiro Carlos Imperial (1935 – 1992).
Ambos usaram colunas na imprensa para atacar covardemente Ney, sujeito estranho que resistiu aos ataques e venceu todas as resistências, chegando aos 80 anos como símbolo da liberdade de ser fiel somente a si mesmo, pagando o preço por essa liberdade ainda hoje, no Brasil polarizado de 2021." Mauro ferreira (g1.globo.com, 01.08.2021)

"Julio Maria nasceu em São Paulo, em 1973. É repórter e crítico de música do jornal O Estado de S. Paulo há 15 anos. Foi repórter da área musical e editor do Caderno de Variedades do Jornal da Tarde por dez anos, colaborou como colunista e comentarista da Rádio Eldorado, editou o Caderno 2 Mais Música entre 2010 e 2013. É autor do livro Nada será como antes, biografia de Elis Regina que venceu, em 2015, o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA)."